sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Inspiração

Sou uma pessoa preguiçosa por natureza, tenho muitos planos para muitas coisas mas nada nunca se concretiza. Preciso estar inspirada para fazer qualquer coisa, até a coisa mais simples do mundo como arrumar a minha cozinha. Normalmente tudo o que começo nunca termino, tenho muita vontade de fazer muitas coisas e no fim acabo por não fazer nada: aprender a costurar, aprender inglês, decorar a minha casa, emagrecer!. Se calhar eu não sei mesmo o que quero, ou então quero tudo de "mão beijada" e isso me envergonha.

Mas o que me costuma inspirar a começar a fazer qualquer coisa é uma bela música, um filme, um livro, uma fotografia, um texto. Mas não pode ser qualquer um, tem que ser muito triste, tenho que ter vontade de chorar e sentir uma tristeza escandalosa dentro de mim. Só assim  sou capaz de escrever, de fotografar, de criar qualquer coisa, até mesmo de arrumar um simples cómodo da casa. Sempre que quero escrever algum desabafo aqui no blog, tenho que colocar os phones e escolher uma música melancólica, assim as ideias começam a fluir e eu começo a me abrir como um flor a desabrochar.

É que sou melancólica por natureza, mas não confundam triste com coitadinha, isso não! Eu odeio gente que se vitimiza, eu nem faço isso, longe de mim! Só gosto de sentir aquela tristeza dentro de mim. Mas não pode ser qualquer tristeza, por exemplo eu não gosto de me sentir triste por estar a fazer um trabalho do qual não gosto, mas gosto de sentir a dor da perda do Marley (Marley e eu), gosto de sentir o fim de um amor como na música "Against all odds" do Phill Colins e gosto de sentir a ilusão de ser feliz de uma mulher triste no poema da Cecília Meireles "Retrato de Mulher Triste" parece até que é sobre mim.

Retrato de Mulher TristeVestiu-se para um baile que não há. 
Sentou-se com suas últimas jóias. 
E olha para o lado, imóvel. 

Está vendo os salões que se acabaram, 
embala-se em valsas que não dançou, 
levemente sorri para um homem. 
O homem que não existiu. 

Se alguém lhe disser que sonha, 
levantará com desdém o arco das sobrancelhas, 
Pois jamais se viveu com tanta plenitude. 

Mas para falar de sua vida 
tem de abaixar as quase infantis pestanas, 
e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas. 

Cecília Meireles, in 'Poemas (1942-1959)'


Há filmes e músicas que lavam a alma, fazem-nos repensar a nossa vida e as nossas atitudes. O último filme me me fez sentir assim foi "Sete vidas" com Will Smith. Que filme! Que lição de vida! Fiquei com um grande nó na garganta e só não chorei porque não estava em casa. Mas quem quiser dar uma balançada na emoção é só ver esse filme, o princípio do filme parece muito confuso, mas no fim levamos uma lufada de emoção forte que vale mesmo à pena.

E a interpretação do Will Smith é perfeita, passa-nos mesmo a dor que sente e nos faz pensar: será que eu seria capaz de tanto para reparar um erro fatal?


Hoje estive com vontade de fotografar e por isso sentei ao meu computador meti os phones e pus-me a ouvir: Mariah Carey (Against all odds), Celine Dion (Surrender), James Morrison (Please don't stop the rain), Amy Winehouse (vários...) e esta de uma cantora britânica nova: Rebecca Ferguson (Teach Me How To Be Loved)







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