domingo, 21 de outubro de 2012

Contando o tempo

Acho que esse tema já é velho aqui... mas é algo que me tem incomodado há muito tempo, pois quanto mais conto o tempo menos vivo e mais perto do fim estou a chegar e, o que pior, sem prazer.

Na segunda-feira de manhã me arrasto para fora da cama contando as horas de voltar a deitar-me, e ao longo da semana conto os dias até a chegada da sexta-feria às 18h, quando deixo de fazer o que não me faz feliz para poder viver um pouco mais feliz fazendo coisas das quais eu gosto.

Parece uma pessoa que está presa e que conta os dias até o dia em que será libertada, o dia em que será livre! Mas ela sabe quando vai ser esse dia, eu não.


Birdy - 1901 - A cantora inglesa de 15 anos que canta “clássicos” indie.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Rodeada de ninguém

Uma das coisas que mais me impressionaram quando comecei a morar em Portugal, foi a solidão com a qual somos abalroados.

Eu até gosto de estar sozinha, bem ao contrário das minhas irmãs, por exemplo, que não saíam da casa dos outros e os outros, por causa delas, não saiam da nossa. Percebem? De modo que eu estava sempre rodeada de gente. Para além do mais a minha família é grande.

Aqui me sinto tão isolada, como nunca me tinha sentindo antes. No começo não me incomodava, mas agora incomoda e magoa muito. Eu e meu marido não temos com quem contar. Estive doente de cama e passei dias na completa solidão, se fosse no Brasil tenho certeza que ia viver rodeada de pessoas, dos mimos da minha família e amigos.

Mas o que me magoou e magoa mais é a situação do meu cão. Passa 12 horas sozinho em casa à nossa espera. Eu tento dar-lhe todo o conforto possível: deixo uma manta ao pé da janela que está voltada para a rua; deixo o "snack" preferido dele; mais mantas espalhadas pela casa; comida e brinquedos. Semana passada teve que ser operado para a retirada de um tumor na pata e eu nem sequer pude ficar com ele no dia seguinte e nem tive quem dessem uma vista de olhos. Ninguém! Ninguém! Passei o dia com o coração apertado contando as horas para ir para a casa, e não tive ninguém que fosse a minha casa ver como ele estava.

Como posso ter um filho nestas condições? Rodeada de ninguém com possa contar. Mas é rodeada de ninguém que vou ás compras alimentar a minha vaidade, natural nas mulheres. Rodeada de ninguém que fazia as minhas caminhadas ao fim do dia em buscar de perder peso. Rodeada de ninguém!

Não é de se espantar que se morre completamente só na Europa. De vez em quando se encontra corpos de idosos mortos em estado de decomposição, em uma casa trancada. E se eu não for embora daqui este será o meu destino: morrer rodeada de ninguém.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Talento

Desde de pequena que eu sonhava em ter algum talento para as artes: desenhar, escrever, representar, cantar, etc. mas já aí eu sabia que não tinha talento nenhum: as minhas redacções na escola nunca eram elogiadas, por muito que me esforçasse; quando cantava sob o chuveiro, logo ficava com dor de garganta, desafinava e ficava sem fôlego; os meus desenhos eram medianos, nada de extraordinário.

Quando eu deixei de querer ser professora, sonho da maioria das crianças do meu tempo, eu sonhava em ser escritora ou publicitária. Eu até admito que pudesse ter conseguido, pois acho que faltou o empurrão de alguém, isso é muito importante. Alguém que me dissesse que se eu queria ser escritora, deveria largar as bandas desenhadas (gibis) e me dedicar à leitura de literatura à sério. Ou quando eu atingisse a idade de entrar na universidade, tivesse alguém que me ajudasse a mudar de cidade e a perseguir o meu objectivo de ingressar no curso de publicidade, que na minha cidade não tinha.

Quando somos jovens, somos tão fracos de ideias! Por isso que é muito importante ter o apoio de alguém, mesmo que seja só para aconselhar. A gente só aprende a viver depois que envelhece.

Agora, com 35 anos o meu sonho é ser fotógrafa. Sim! Eu não deixei de sonhar... Mas agora já sei que é possível, e que se eu não tenho talento para isso, tenho que trabalhar o dobro ou o triplo de quem tem. Tudo é uma questão de prática, de exercício, quem nasceu com dom até pode se esforçar menos, mas quem não nasceu tem que trabalhar muito.

Esta conversa me fez lembrar um texto maravilhoso que eu encontrei por aí pela Internet e que oportunamente publico aqui. E publico fotos de minha autoria, para mostrar que o sonho continua e eu trabalho nele.

"UM MEIO OU UMA DESCULPA

"Não conheço ninguém que conseguiu realizar seu sonho, sem sacrificar feriados e domingos pelo menos uma centena de vezes.
Da mesma forma, se você quiser construir uma relação amiga com seus filhos, terá que se dedicar a isso, superar o cansaço, arrumar tempo para ficar com eles, deixar de lado o orgulho e o comodismo.
Se quiser um casamento gratificante, terá que investir tempo, energia e sentimentos nesse objetivo.
O sucesso é construído à noite!
Durante o dia você faz o que todos fazem.
Mas, para obter um resultado diferente da maioria, você tem que ser especial.
Se fizer igual a todo mundo, obterá os mesmos resultados.
Não se compare à maioria, pois, infelizmente ela não é modelo de sucesso.
Se você quiser atingir uma meta especial, terá que estudar no horário em que os outros estão tomando chope com batatas fritas.
Terá de planejar, enquanto os outros permanecem à frente da televisão.
Terá de trabalhar enquanto os outros tomam sol à beira da piscina.
A realização de um sonho depende de dedicação, há muita gente que espera que o sonho se realize por mágica, mas toda mágica é ilusão, e a ilusão não tira ninguém de onde está, em verdade a ilusão é combustível dos perdedores pois...
Quem quer fazer alguma coisa, encontra um MEIO.
Quem não quer fazer nada, encontra uma DESCULPA."
Roberto Shinyashiki"
Ponte Vasco da Gama

palinhas ou canudinhos

Morango na água

Praia da Adraga - Sintra