segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Saudade


Fui passar as minhas férias no Brasil, depois de cinco anos de ausência. Já estou de volta à onze dias e a sensação que tenho é que estou de luto, tamanha é a saudade que sinto da minha família.

Estou aqui há sete anos, mas a saudade nunca diminuiu ao longo do tempo, eu não sei porque, mas desta vez está mais difícil de suportar a distância.

Quando estou lá, me sinto tão amada, tão querida, só escuto elogios. A minha mãe, que já está com 73 anos, me disse que pareço uma menina de quinze anos! São coisas que só mãe diz. É um carinho que me faz falta aqui. E eu que pensei que fosse forte e independente, pensei que fosse uma pessoa do mundo.

Mas lá eu não tenho amor de "homem e mulher", que já estava me fazendo falta. Aqui eu descobri que posso ser amada, apesar dos meus 90 kg, eu posso ser bonita, ser sensual, eu posso trazer à tona a mulher bonita que havia dentro de mim, coisa que lá nunca me foi possível. Aqui eu descobri que o amor entre o homem e uma mulher é maravilhoso e faz muito bem a auto-estima.

Mas falta o calor da família... aqui ninguém, a não ser o meu amor, é capaz de ver o quão bonita eu sou, ninguém é capaz de me dar o calor humano que as minhas irmãs me dão. Aqui é frio... e não é só o frio físico, mas também sentimental. As vezes sinto que não sou ninguém, que sou um lixo, apenas mais uma no meio da multidão.

Cada vez que fecho os olhos eu revejo os olhos delas chorosos com a minha partida, sinto meu coração apertar, sinto-me vazia, daí vem a sensação de luto e de perda. A minha mãe me abraçou e disse chorando: "nunca se esqueça da sua mãe", como eu poderia? Acho até que tanta angústia está se transformando em doença no meu corpo, não me tenho sentido muito bem ultimamente.

Eu nem sei o que eu quero, por isso não peço nada a Deus, só lhe mostro as minhas lágrimas. Estou a espera que os dias se arrastem e eu possa pelo menos conseguir ajudá-las algum dia. Nem que seja para terem orgulho de mim por algum feito. É para isto que vou lutar agora.