"...Empurrou uma cancella, fêl-a entrar n'um quarto pequeno, forrado de papel ás listras azues e brancas.
Luiza viu logo, ao fundo, uma cama de ferro com uma colcha amarellada, feita de remendos juntos de chitas differentes: e os lençoes grossos, d'um branco encardido e mal lavado, estavam impudicamente entreabertos...
Fez-se escarlate, sentou-se, calada, embaraçada. E os seus olhos, muito abertos, iam-se fixando - nos riscos ignobeis da cabeça dos phosphoros, ao pé da cama; na esteira esfiada, comida, com uma nodoa de tinta entornada; nas bambinellas da janela, d'uma fazenda vermelha, onde se viam passagens; n'uma lithographia, onde uma figura coberta d'uma tunica azul fluctuante, espalhava flôres voando... sobretudo uma larga photographia, por cima do velho canapé de palhinha, fascinava-a: era um individuo atarracado, d'aspecto hilare e alvar, com a barba em collar, o feitio d'um piloto ao domingo: sentado, de calças brancas, com as pernas muito afastadas, pousava uma das mãos sobre um joelho, e a outra muito estendida assentava sobre uma columna troncada: e por baixo do caixilho, como sobre a pedra d'um tumulo, pendia d'um prégo de cabeça amarella, uma corôa de perpetuas!"
O que ela queria? lençóis de seda? cama com dossel? tapetes Persa? Estava a enganar o marido! Ele até poderia ter levado-a para a mata de Sintra!
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Obrigada por me "ouvir"